Vedānta é o nome da tradição de conhecimento registrada inicialmente nas Upaniṣads, antigos textos indianos vinculados ao final da literatura dos Vedas; por isso o nome vedānta, literalmente “final dos Vedas“. De outro modo, o nome desta tradição também explicita seu objetivo, pois veda também quer dizer “conhecimento”, “sabedoria” ou “visão”. Assim, Vedānta é a tradição para o conhecimento final, o sabedoria última da realidade. O objetivo da tradição é o conhecimento/contato com nossa identidade fundamental enquanto consciência de limitações.
Há diferentes tradições de Vedānta, com diferentes direções sobre a identidade final. Uma destas vertentes é chamada advaita, literalmente “não-dual”, onde se percebe a identidade fundamental entre o indivíduo que vive e o universo manifesto onde este vive. Neste sentido, mostra-nos que já somos o ser pleno que buscamos ser, pois permite que se encontre a categoria de realidade absoluta onde de fato não há dualidade, mas sim uma plenitude sem-divisões. Em termos mais práticos, possibilita a estarmos bem conosco mesmos e sermos capazes de nos acolhermos da maneira que estivermos, seja agradável ou não, dando-nos maior capacidade para lidarmos com as limitações experenciadas — sendo que a experiência em si é justamente o campo da dualidade.
O trabalho consiste em perceber esta realidade não-dual, livre de limitações, como sendo o próprio fundamento do nosso eu e, ao mesmo tempo, fortalecer-se para lidar com a realidade experencial, isto é, dual e limitada. Este processo se dá basicamente através do estudo guiado da literatura do Vedānta, do refletir e questionar as propostas e do contemplar sobre esta “visão” apontada pelo processo.
O processo se desdobra principalmente através do questionamento das nossas frequentes fontes de identificação com os aspectos limitados do universo — nosso corpo, nossa personalidade, nosso status etc. O caminho é sempre em afirmação da vida que temos agora, sem nenhuma necessidade de retirarmos estas limitações, ou qualquer ação do dia-a-dia, pois a identidade que se busca é uma que inclui toda e qualquer experiência sem ser limitada por elas. Vedānta não pretende produzir ou modificar nada, embora o processo de estudo possa gerar mudanças práticas em nossa vida como consequência da compreensão do desejo de plenitude e do sentido em que podemos ser plenos.
Extraído de www.vedanta.pro.br/?page_id=15
Vedanta em 100 palavras
Swami Dayananda Saravati - 14 set 2009
A felicidade não é um objeto, nem o atributo de um objeto. Você pode ser feliz em qualquer lugar. Você pode ser infeliz em qualquer lugar. A felicidade, portanto, não depende de estar ou não estar num dado lugar. A mente não é felicidade. Não há um lugar chamado felicidade.
Porém, há algo que é felicidade sim: você mesmo. O Vedanta diz que você é felicidade. Você precisa aprender como conhecer essa felicidade. Precisa conhecer a si mesmo. O mundo das dualidades não perturba sua felicidade quando você conhece a si mesmo.
Resposta dada por Swami Dayananda a um estudante que pediu uma síntese do propósito do Vedanta, durante um intensivo de estudo em março de 2009. Tradução de Pedro Kupfer.
Extraído de http://www.yoga.pro.br/artigos/869/3019/o-vedanta-em-100-palavras